domingo, 25 de abril de 2010

Colonialismo das mentes...

Queridos amebóides e humanos,
Gostaria de compartilhar com vocês algo no mínimo curioso que testemunhei ontem a noite (24/04/2010) aqui em Lima, onde temporariamente estou residindo a trabalho.
Fui jantar com minha esposa no bistrô Sophie, no delicioso distrito (bairro) de Miraflores.
Um bistrô muito agradável, com contrastes muito interessantes entre o moderno e o colonial, e que fica localizado em uma pequena praça do mencionado distrito, contribuindo para que os nossos sentidos acreditassem de que estávamos realmente fazendo uma breve viagem no tempo e no espaço.
A noite estava muito agradável, fazia um friozinho gostoso e a lua estava linda, dominando o céu como um grande holofote.

Nos sentamos e o prestativo garçom, um colombiano de Bogotá residente em Lima havia 2 anos que atendia pelo nome de Octávio, veio nos atender.
Percebendo as nossas caras alienígenas, ele gentilmente se predispôs a explicarnos a proposta da casa.
Ele disse algo mais ou menos assim: "Somos uma casa de comida peruana criolla mas com toque europeu".
Para aqueles que não se lembram das longínqüas aulas de História (por isso é que se chama "história", certo?), os Criollos (pronuncia-se mais ou menos como criodjo, criolho, ou crioio dependendo da região em que se esteja) eram principalmente os mestiços descendentes dos espanhóis conquistadores com os indígenas locais ou com os negros trazidos "espontâneamente" para trabalhar nestas paragens (http://pt.wikipedia.org/wiki/Crioulos).
Por isso, tudo que remete a esta mestiçagem que deu origem aos povos latinos de colonização espanhola ganha o adjetivo de criollo ou criolla.
Bem, finalizado o "aposto" histórico, voltemos ao que importa...

Alguém pode estar se perguntando: tá, mas o que há de curioso numa frase tão banal?
Este é o ponto central da questão!
É menos banal do que parece... atrás de uma frase despretenciosa, encontra-se uma problemática recorrente desde as épocas de Cristóvão Colombo.
Até quando, senhoras, senhores e amebóides, precisaremos, com o intuito de mostrar qualidade ou requinte, nos amparar na bengala colonial de referenciar os nossos queridos irmãos europeus? Acaso, cremos realmente que eles são superiores a nós e que não existe nada genuinamente nosso que dispense este tipo de postura submissa?
Antes de continuar, porém, gostaria de aclarar, desde o princípio: não pretendo aqui, em hipótese alguma, deixar que esta divagação seja utilizada com o intuito de responsabilizar os europeus pelas nossas mazelas. Não! Certamente, eles tem uma responsabilidade histórica muito grande sobre o que nos aconteceu enquanto estivemos baixo seus cetros. Mas, não creio que sejam maiores que as responsabilidades que nós mesmos temos atualmente no descaso com os nossos próprios destinos.
Talvez, seja exatamente esta submissão inconsciente que não nos permite ver que a responsabilidade pelos nossos destinos é fundamentalmente nossa e, por isso, insistimos em continuar apontando dedos de rancor para a Europa e os demais "Impérios" como, insistentemente, gostam de fazer alguns governos populistas do nosso sofrido continente sul-americano. Afinal, é muto mais fácil, certo?

Neste momento, estão sendo comemorados os bi-centenários de independência em vários países de nossa região: Venezuela, Colômbia, Argentina...
Diante disso, lhes pergunto: até quando estas festas de independências serão meras formalidades políticas?
Até quando vamos adiar a efetiva proclamação de nossas independências em nossas mentes e assumir a devida responsabilidade individual e coletiva dos nossos destinos?
Esta nossa postura passiva de nos considerarmos de "segunda categoria", incapazes ante os grandes desafios que se deparam diante de nós, talvez, seja o grande mal que precisamos extirpar de dentro de nossos países.
Abraços pseudópodes!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Bem-vindos!

Bem-vindos ao Reino das Amebas!
Certo, certo, mas... mas por que o título??!
Não se preocupem, esta foi exatamente a primeira (e espantada) pergunta que me fizeram sobre este meu digníssimo blog... (preconceitos contra as amebas?!).
Então... não tem uma explicação muito precisa, muito racional, muito justificável, muito plausível, não... afinal, as amebas não ponderam nem pensam!
Foi apenas um título que me passou pelo núcleo, de certa forma, um mixto de ironia, de irreverência, de crítica, de humor mas, acima de tudo, uma homenagem aos meus concidadãos!
Concidadãos de qualquer nacionalidade, diga-se de passagem, pois desconheço que existam este tipo de preconceitos no reino das amebas (1 x 0 para as amebas!).
Desta forma, espero que tudo possa ser tratado e discutido neste blog.
Não existirá uma pauta pré-determinada.
Passaremos por todos os assuntos importantes na vida de uma ameba: fagocitoses, citocitoses, bipartições... bem, acho que é só isso, mesmo...
Mas antecipo, que, provavelmente, será uma conversa sobre nós mesmos, amebas de Deus, sobre as nossas inter-relações (pelo menos sob a perspectiva que eu tenho aqui de baixo) e a nossas "rastejanças" nesse mundão!
Torço para que, com isso, meus ilustres colegas, eu possa me tornar a primeira ameba "na história desse país" a debater com os ilustradíssimos humanos as minhas humildes divagações.
Por isso tudo, meus queridos companheiros de reino, foi que coloquei o nome do blog: Amoebozoahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Amoebozoa.
E lembrem-se: fagocitose entre amebas do mesmo sexo faz mal à saúde!
Um caloroso e fraterno abraço pseudópode!