sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Era da Cidadania Digital

Muitos, como eu, também se revoltam com a descarada falta de respeito e os abusos cotidianamente cometidos por alguns "espertos" em nossas cidades. A lista de abusos é extensa e certamente todos nós já testemunhamos uma ou várias destas situações: automóveis parados sobre uma vaga de idosos/deficientes, veículos particulares em faixas preferenciais de ônibus, estabelecimentos comerciais ocupando calçadas públicas como se fossem suas, motoristas irresponsáveis fazendo manobras perigosas em alta velocidade, idiotas fazendo uso de cirenes para abrir passagem em congestionamentos, etc, etc, etc...

Sabemos que os estados e municípios não têm e nunca terão condições de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Por isso é tão importante a participação de todos nós, como verdadeiros cidadãos, na denúncia destes abusos. Ao Estado, por sua vez, cabe incentivar e dar meios efetivos para participação popular nesta empreitada. Afinal, graças ao barateamento da tecnologia, uma quantidade muito grande de pessoas possui máquinas fotográficas e/ou de vídeo, muitas delas, em seus próprios celulares. As evidências geradas por estes dispositivos pessoais, naturalmente, quando apropriadamente comprovadas, deveriam ser melhor utilizadas pelo Poder Público para a devida tomada de ações. Isso não é novo e, de certa forma, já ocorre quando os órgãos de Imprensa expõem fotos e filmagens feitas por populares em seus meios de comunicação. Mas fazer apenas isto é muito pouco... Em nossa era, a era da massificação da geração e também da difusão da informação (graças a Internet), não se justifica que se pressuponha de um intermediário (a Imprensa) para que os agentes públicos realmente levem as denúncias a sério e tomem ações (ok, em alguns casos, nem sempre motivadas por um genuino interesse público, mas apenas para fazer jogo de cena...). Por exemplo, se um cidadão fotografasse ou filmasse a placa de um veículo em óbvia irregularidade, coprovando-se que não houve fraude ou manipulação da imagem, isto deveria ser suficiente para que uma multa fosse emitida ao infrator. Simples assim. Há testemunhas, há evidências irrefutáveis, portanto, há tudo para que sejam tomadas as devidas providências.

O benefício de uma iniciativa como esta me parece óbvio: um maior alcance na atuação do Estado a partir de uma espontânea mobilização popular. São as pessoas de bem enviando uma mensagem clara aos malandros de plantão: estamos de olho! Se esta iniciativa fosse levada adiante e as denúncias tratadas com a devida importância, tenho certeza de que entraríamos rapidamente em um círculo virtuoso de cidadania.

O investimento para isso? Baixíssimo. Bastaria disponibilizar um site onde as pessoas pudessem registrar e acompanhar suas denúncias juntamente com uma equipe de back-office para validá-las (fazer a análise das imagens) e dar o devido encaminhamento nos órgãos competentes (notem que não se deveria transferir a "complicação" de dar o encaminhamento ao cidadão: este já cumpriu o seu papel e o trâmite deveria ser de total responsabilidade do Poder Público).

Do Estado esperamos apenas que abra novos canais digitais de mobilização social e que saiba fazer uso efetivo das opções tecnológicas de que já dispomos para o bem da sociedade: sem burocracia, valorizando a iniciativa popular e sem expor o cidadão que deseja colaborar. Isto é a pré-condição para entrarmos, de fato, na era da Cidadania Digital.

2 comentários:

  1. O Brasil que temos e o Brasil que queremos. A parte mais difícil é fazer a transição.

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  2. Verdade, Daniel. Mas não devemos desistir! Obrigado pelo comentário.

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