sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Matemática dos Idiomas - A Cognosfera

Este é o segundo artigo da série que documenta "ao vivo" e "on the fly" a minha utopia lingüística. Se você está "chegando agora", não se preocupe, estamos apenas começando a aquecer os motores...

Para que sejamos capazes de extrair os "genomas" matemáticos dos idiomas (lembrem-se que este é o nosso objetivo!), precisaremos, primeiramente, entender o que é a "realidade" que nos rodeia, ou seja, o ambiente onde existimos e onde nos manifestamos... a nossa "Matrix".

Porém, ao utilizarmos o termo "realidade" (intencionalmente com as aspas), deve-se entender que esta não tem um caráter absoluto ou homogêneo como ocorre com a realidade física (sem as aspas). Pelo contrário, esta "realidade" a que me refiro deve ser encarada como algo que evolui e que se expande a medida que também evolui e se expande o nosso conhecimento. Por exemplo, é natural considerar que a "realidade" dos homens das cavernas, devido à diferença nos níveis de conhecimento, não era a mesma da do homem do século XIX que, por sua vez, não será a mesma da do homem do século XXV. Os mais "avançados" sempre disporão de entendimentos e conceitos ininteligíveis aos mais "atrasados", mesmo que a realidade física, corporificada nas leis naturais, seja compartilhada por ambos em momentos distintos da História. Por isso, para evitarmos eventuais confusões, adotaremos um novo termo, aqui chamado de "Cognosfera", para representar esta "realidade" elástica decorrente do nível  de conhecimento. Uma outra forma de entender esta diferença é compreendendo que a cognosfera expande-se a medida que se aprofunda o nosso entendimento do que é a realidade física, seja por um maior conhecimento do universo natural, seja também por um maior conhecimento das relações sociais e humanas. Por exemplo, o conceito "Estado Nacional" nasceu como conseqüência da Revolução Francesa, no final do século XVIII. Por razões óbvias, é correto dizer que este conceito certamente não existia na cognosfera (ou na "realidade") de uma pessoa que viveu no século XV. Ao mesmo tempo, é bastante intuitivo pensar que, como conseqüência quase automática do exposto acima, o idioma, entendido aqui como a ferramenta de codificação das nossas inter-relações com o nosso entorno, irá evoluir em uma velocidade proporcional à própria evolução da nossa cognosfera.

Esclarecido isso, como poderíamos começar a delinear de forma menos abstrata a cognosfera? Poderíamos dizer, de forma bastante simplória, que a nossa cognosfera é a nossa coleção de "coisas" percebidas e armazenadas em nosso intelecto ao longo de nossas vidas. Estas "coisas" funcionam como pseudônimos para identificar e referenciar objetos, grupos de objetos, sentimentos, sensações, eventos ou mesmo conhecimentos adquiridos em uma ampla gama de possibilidades, desde as mais diretas e explícitas (por exemplo, a água, o sol, a lua, o terremoto, a fome, etc) até as mais abstratas e sublimes (por exemplo, o tempo, o espaço, a vida, a morte, o amor, o vazio, a gravidade, etc). Estes pseudônimos representam qualquer tipo de informação que, em algum momento, foi percebido e armazenado em uma cognosfera, independentemente dos mecanismos biológicos que conduziram a isso. A estes pseudônimos, chamaremos "Cognos". No caso particular dos seres humanos, como podemos deduzir, os cognos são gerados por meio dos nossos 5 sentidos sensoriais (visão, audição, olfato, paladar, tato) ou através das nossas capacidades intelectuais (N.A.: vale lembrar que todo processo de comunicação nos seres humanos ocorre, necessariamente, através dos sentidos sensoriais; por isso, a comunicação não foi considerada como uma forma "a parte" de geração de cognos nos seres humanos). É importante reforçar que não estamos interessados aqui em resolver ou explicar a maneira como uma cognosfera percebe e armazena um cognos. Esta problemática deixamos aos estudiosos das Neurociências e da Inteligência Artificial. Nossa intenção é apenas propor uma maneira alternativa de codificar (ou representar) os cognos em uma linguagem mais próxima da matemática.

Estes serão os nossos próximos passos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário