Este é o segundo artigo da série que documenta "ao vivo" e "on the fly" a minha utopia lingüística. Se você está "chegando agora", não se preocupe, estamos apenas começando a aquecer os motores...
Para
que sejamos capazes de extrair os "genomas" matemáticos dos idiomas
(lembrem-se que este é o nosso objetivo!), precisaremos, primeiramente,
entender o que é a "realidade" que
nos rodeia, ou seja, o ambiente onde existimos e onde nos manifestamos... a nossa "Matrix".
Porém,
ao utilizarmos o termo "realidade" (intencionalmente com as aspas), deve-se entender que esta não tem um caráter absoluto ou homogêneo como ocorre com a realidade física (sem as aspas). Pelo contrário, esta "realidade"
a que me refiro deve ser encarada como algo que evolui e que se expande a medida que
também evolui e se expande o nosso conhecimento. Por exemplo,
é natural considerar que a
"realidade" dos homens das cavernas, devido à diferença nos níveis de conhecimento, não era a mesma da do homem do século
XIX que, por sua vez, não será a mesma da do homem do século XXV. Os mais "avançados" sempre disporão de entendimentos e conceitos ininteligíveis aos mais "atrasados", mesmo que a realidade física, corporificada nas leis naturais, seja compartilhada por ambos em momentos distintos da História. Por isso,
para evitarmos eventuais confusões, adotaremos um novo termo,
aqui chamado de "Cognosfera", para representar esta "realidade" elástica decorrente do nível de conhecimento. Uma outra forma de entender esta diferença é compreendendo que a
cognosfera expande-se a medida que se aprofunda o nosso entendimento do
que é a realidade física, seja por um maior conhecimento do universo
natural, seja também por um maior conhecimento das relações sociais e
humanas. Por exemplo, o conceito "Estado Nacional" nasceu como conseqüência da
Revolução Francesa, no final do século XVIII. Por razões óbvias, é correto dizer que este
conceito certamente não existia na cognosfera (ou na "realidade") de uma pessoa que viveu no
século XV. Ao mesmo tempo, é bastante intuitivo pensar que, como
conseqüência quase automática do exposto acima, o idioma, entendido aqui como a
ferramenta de codificação das nossas inter-relações com o nosso entorno, irá evoluir em uma
velocidade proporcional à própria evolução da nossa cognosfera.
Esclarecido
isso, como poderíamos começar a delinear de forma menos abstrata a
cognosfera? Poderíamos dizer, de forma bastante
simplória, que a nossa cognosfera é a nossa coleção de "coisas"
percebidas e armazenadas em nosso intelecto ao longo de nossas vidas. Estas "coisas" funcionam como pseudônimos para identificar e referenciar objetos, grupos de
objetos, sentimentos, sensações, eventos ou mesmo conhecimentos
adquiridos em uma ampla gama de possibilidades, desde as mais
diretas e explícitas (por exemplo, a água, o sol, a lua, o terremoto, a
fome, etc) até as mais abstratas e sublimes (por exemplo, o tempo, o
espaço, a vida, a morte, o amor, o vazio, a gravidade, etc). Estes
pseudônimos representam qualquer tipo de informação que, em algum momento, foi percebido e armazenado em uma cognosfera, independentemente dos mecanismos biológicos que conduziram a isso. A estes pseudônimos, chamaremos "Cognos". No caso particular dos seres humanos, como podemos deduzir, os cognos são gerados por meio dos nossos 5 sentidos sensoriais (visão, audição, olfato, paladar, tato) ou através das nossas capacidades intelectuais (N.A.: vale lembrar que todo processo de comunicação nos seres humanos ocorre, necessariamente, através dos sentidos sensoriais; por isso, a comunicação não foi considerada como uma forma "a parte" de geração de cognos nos seres humanos). É importante reforçar que não estamos interessados aqui em resolver ou explicar a maneira como
uma cognosfera percebe e armazena um cognos. Esta problemática
deixamos aos estudiosos das Neurociências e da Inteligência Artificial.
Nossa intenção é apenas propor uma maneira alternativa de codificar (ou representar) os cognos em uma linguagem mais próxima da matemática.
Estes serão os nossos próximos passos...
Estes serão os nossos próximos passos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário