sábado, 17 de dezembro de 2011

Matemática dos Idiomas - Primeiros ensaios

Gosto de idiomas e gosto de matemática. Bem, estas são as idiossincrasias de um cientista da computação... mas não desprovidas de certa obviedade: lidamos cotidianamente com lógica matemática e com algoritmos que, nada mais são do que comandos dados a um computador através de alguma linguagem de programação que, por sua vez, não deixa de ser um "idioma".

Gosto de ambos, não apenas pelo lado lúdico, mas pelas suas fundamentais importâncias ao desenvolvimento humano.

Os idiomas estão no centro do que somos como sociedades. Graças a eles, conseguimos nos organizar, nos mobilizar, transmitir idéias, compartilhar valores e informações de uns para os outros. O idioma é a ferramenta básica que nos permite abstrair e modelar o mundo que nos rodeia, a ferramenta que nos dá condições de, como grupo, levar adiante empreendimentos fantásticos, os quais nunca seríamos capazes de executar individualmente e sem coordenação. É o meio primordial da nossa capacidade de comunicação. Graças ao idioma, dois indivíduos podem agir com sinergia: 1+1>2. Sem ele, o indivíduo é quase totalmente incapaz de agregar valor intelectual ao grupo: 1=0.



Pelo idioma também se pode conhecer os valores e conceitos de um povo. Ele traz em suas estruturas e em seu vocabulário a forma como um determinado grupo enxerga o mundo. De certa forma, representa as lentes através das quais este grupo percebe seu meio ambiente. Mais que isso, acredito que ele molda e direciona a forma como um indivíduo interage com o seu entorno. Por exemplo, não seria possível que um idioma que tenha estruturas gramaticais objetivas auxiliem a formar indivíduos também objetivos? Ou que um idioma rebuscado induza a formar indivíduos também rebuscados? Tenho aqui comigo, algumas suspeitas... Pessoalmente, acredito que as estruturas do idioma, ensinadas desde a mais tenra idade a um indivíduo, podem exercer um papel importante, mas não único, no seu processo de desenvolvimento intelectual ou comportamental.





A matemática, por sua vez, é a mãe de todas as ciências. Esta ferramenta fantástica é a que viabiliza atualmente todos os grandes avanços científicos da raça humana. Ela, em conjunto com a Estatística, estão no centro da revolução tecnológica. São os baluartes da nossa racionalidade. Graças a elas, somos capazes de quantificar nosso universo e extrair dele suas leis naturais.




Partindo destas fantásticas ferramentas, me pergunto se não seria útil, ou ao menos interessante, de alguma forma, uni-las, dando os primeiros passos a uma abordagem mais matemática do estudo dos idiomas. Ao invés de simplesmente fazer uma análise sintática ou literária, como desde pequenos aprendemos nos bancos de escola, adoraria, de alguma forma, expor seus "genomas".

Alguns podem se perguntar com que fim. Respondo com novas perguntas.


Será que, a partir desta iniciativa, não conseguiríamos mapear objetivamente as complexidades de um idioma? Será que, ao mapear objetivamente as suas complexidades, não conseguiríamos comparar de uma forma mais racional idiomas totalmente distintos e sem raízes comuns? Será que, ao conseguirmos comparar idiomas distintos, não poderíamos eventualmente entender quais estruturas auxiliam um povo a desenvolver melhor determinadas capacidades intelectuais ou comportamentais? Neste caso, se for verificado que o idioma pode contribuir, de fato, no desenvolvimento de capacidades intelectuais ou comportamentais, não poderíamos pensar em construir o framework de um idioma teórico que maximizasse o potencial intelectual humano, eventualmente, se convertendo em um idioma global, como o Esperanto, mas desenvolvido com uma abordagem mais científica? Me desculpem, sei que são muitas divagações utópicas...


Confesso que não sei aonde isso levará. Mas, ao mesmo tempo, acho que será uma trajetória interessante. Porém, neste momento, a única certeza que tenho é de que não será nem simples nem fácil...

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