domingo, 18 de dezembro de 2011

A Primavera Árabe só é democrática para as flores


Muitos afirmam que a Primavera Árabe nasceu como um movimento pró-democrático. Discordo. Talvez, em alguns momentos, até tenham havido ecos destes ideais, provavelmente, influenciados por governos ocidentais que viram a oportunidade de levar, filantropicamente e sem nenhum interesse, é claro, os ideais democráticos do mundo "civilizado" a estes países árabes, quase a totalidade deles comandados por governos irresponsáveis (os nossos são muuuuitoooo melhores!).




Mas quem ainda hoje insiste no aspecto pró-democracia destas revoltas, ou é muito inocente ( esperando Papai Noel até hoje), ou é alienado (existe primavera no deserto?), ou faz questão de distorcer a realidade para fazer prevalecer o interesse oportunista que muitas potencias almejam há tempos, ou seja, de aumentar sua influência geo-política em uma área "nervosa", rica em petróleo e chave para combater o terrorismo islâmico (Yes, we can!).

Prova desta minha afirmativa é o resultado das eleições que já ocorreram ou estão em curso nestes países: existem claros sinais de que os partidos mais beneficiados por estes movimentos são os vinculados às alas religiosas (ver artigo da DW). Este fato, visivelmente, representa o desejo destas sociedades por uma regeneração "moral", a busca por uma justiça social mais ampla baseada na religião (ai meu Deus!). Ninguém nem aí para os modelos políticos do ocidente (certos, eles!) e o que as pessoas querem é justiça, diária, cotidiana. Por isso, acredito que a Primavera Árabe está mais para uma Revolução Francesa do que para uma Revolução Americana. Oui, monsieur! todo mundo com o saco na lua! Duvida? É bastante representativo o estopim que deu origem a toda estas ondas de revolta: a auto-imolação de Mohamed Bouazizi, um jovem comerciante tunisiano que teve seus produtos apreendidos após ter se negado a pagar propina a agentes públicos. Claro, sem falar que entre uma coisa e outra, ele tomou uma sova básica... (ver artigo da BBC) Morreu... Dureza...

Desde que você não tenha sangue de barata e desde que não seja beneficiário de algum esquema de corrupção, seja ativo ou passivo, é muito fácil compreender o que representam estes acontecimentos que se desenrolam diante dos nossos olhos: os árabes simplesmente estão saturados de serem saqueados e sacaneados (não necessariamente nesta ordem) por aqueles que deveriam cuidar e zelar por eles: seus Governos. Eles não toleram mais a corrupção e a imoralidade dos agentes Estatais. Simples assim. O que querem é apenas respeito. Já o brasileiro, você sabe, né? Como somos um país de "pacifistas", do samba, do carnaval, da mulata, católico... Jesus mandou perdoar, nóis perdoa...




Eis o grande dilema: será que um dia seremos capazes de criar uma "Primavera Tupiniquim"? Ia ter corrupto fugindo a dar com pau... Lula (o molusco), José Dirceu, Antônio Palocci, Carlos Lupi, Orlando Silva, Agnelo Queiroz, João Paulo Cunha, Duda Mendonça, José Genoíno, Marcos Valério, Delúbio Soares, José Sarney, Jader Barbalho... a lista é muito grande... ah, mas como ia ser bom!

Não nos iludamos: a Primavera Árabe só é democrática para as flores... todas têm lugar ao sol.

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